sexta-feira, 2 de maio de 2008

Sua Trajetória

Não me lembro agora qual era a estação do ano, mas sei que não havia flores. Era um tempo muito difícil no meu sertão pernambucano (Serra Talhada). O sol era mais forte e mais valente do que eu: Venceu-me. Peguei o meu violão e o que sobrou de alguns sonhos e aqui cheguei.
Vim buscar os sons da minha infância embalado no sonho de milhares de notas musicais.

Encontrei Denis Raz, uma bicicleta, uma bola e um mundo culturalmente novo e ainda adolescente.

Juntamos nossas idéias e em pouco tempo nossas músicas apareceram e com elas a nossa banda LHURB (Lixo Humano Urbano). A banda expressava toda a nossa revolta, todas as nossas insatisfações de uma adolescência sem rumo, todas as nossas incertezas, os nossos medos e a enorme sombra da insegurança traduzida em uma frase da música Tempo Perdido do Legião Urbana: “não temos medo do escuro, mas deixem as luzes acesas”. Éramos muito jovens e tínhamos uma vontade imensa de mudar tudo.

O cenário nacional em 1985 estava repleto de gente boa. O rock nacional explodia com as bandas Legião Urbana, Plebe Rude, Titãs, Traje a Rigor etc.

Aqui no Recife havia o pessoal da banda Cristal, Néctar, Ciência Cínica do vocalista e apresentador Hugo Esteves, etc.

Era nessa atmosfera musical que os nossos sons se desenvolviam.

Não sei dizer se era no inverno ou no verão de 1989, mas sei que havia muita esperança no nosso país e as letras das nossas músicas traduziam isso.

O cenário político anunciava uma mudança nos rumos do país e com ela a primavera e as flores tão sonhadas.

Naquele ano, Denis trabalhou muito o tema político e veio um rock irreverente chamado “Operário padrão”, depois “Tentativas e desistências”, e uma música que admirei muito, principalmente porque o resultado das eleições nos tirou a esperança, e as estrelas que nos trariam “Dias melhores, dias de flores” desapareceram. A música era: “Não temos mais heróis”. E como que uma profecia essa música falava em lodo na nossa bandeira. A LHURB (Lixo Humano Urbano), depois de algumas apresentações acabou e “Tudo passou como sempre passa, tudo se foi como sempre se vai” (Andréa I), mas a vontade e a persistência de Denis era maior que tudo e ele foi para Itália em 1991 e com isso se desenhava o primeiro disco “Alguns anos atrás”, produzido por Eugênio Prisco. Depois se sucederam os CD’s “Utopia” e “Da cor do sol”, já no Brasil nos anos de 1993 e 1996.

O CD “Colcha de Retalhos” veio em 2001. Nasceu com a participação de nomes da música pernambucana como Toinho Alves, Dudu Alves (Quinteto Violado), Dácio Ferraz e Júnior Raz. O amadurecimento é facilmente notado nesse trabalho.

Hoje sinto que não foi tempo perdido, nem nunca se perde tempo quando as coisas são feitas com dedicação, amor e determinação.

Há uma onda de bons ventos soprando a nosso favor e o nosso velho barco que antes estava sem rumo encontra agora neste trabalho a direção de Raniere Oliveira e as participações de Fernando Azula, Bráulio Araújo, Renato Bandeira, Nena Queiroga, Pau Pereira e Gustavo Anacleto que vão nos permitir enxergar um horizonte novo.

As flores, as quais sonhamos e pintamos em nossas mentes, estão se desenhando através de pequenas pinceladas coloridas e para sempre ilustrarão essa imensa tela que é a nossa vida, a nossa estada nesse planeta. As tintas que usamos no passado ainda permanecem frescas e estão tão vivas, tão radiantes, tão maravilhosa quanto esse sol que nasce para todos. As esperanças estão renovadas e a primavera virá e com ela as flores tão sonhadas.

Van Raz.









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